Processo de produção.

A remoção da casca dos sobreiros apenas pode ser realizada por especialistas - os descortiçadores - de forma a não danificar a árvore. O processo consiste em seis passos e são necessário dois homens por cada árvore.

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Após a colheita, a cortiça estabiliza ao longo de um período mínimo de seis meses, antes de dar inicio ao seu processamento industrial. Isto permite que a humidade presente na cortiça uniformize. As pranchas são empilhadas em grandes superfícies de betão ou outros materiais autorizados, com uma ligeira inclinação, para prevenir contaminação microbiológica e maximizar a circulação de ar.

Após o período de estabilização ou repouso, as pranchas de cortiça são cozidas em água limpa e a ferver. O processo de cozedura tem a duração de pelo menos uma hora e tem como objetivo limpar a cortiça, extrair-lhe as substâncias hidrossolúveis e torná-la mais macia e elástica. Este processo permite que o gás contido nas células da cortiça se expanda e, assim, a sua estrutura torna-se mais regular e o seu volume aumenta cerca de 20%.

Após a cozedura, a cortiça passa por outro período de estabilização - desta vez de duas a três semanas. Este período serve para aplanar as pranchas e permitir o seu repouso.

Depois da cortiça estar estabilizada, técnicos experientes categorizam as pranchas com base na sua espessura, porosidade e aparência. As mais grossas são utilizadas para produzir as rolhas de cortiça natural, enquanto as mais finas são utilizadas para fabricar discos ou cortiça para rolhas técnicas.

Depois de seleccionadas, as pranchas de cortiça próprias para a produção de rolhas naturais são cortadas em tiras com uma largura ligeiramente superior ao comprimento das rolhas a fabricar.

Brocagem é o nome do processo de perfuração das tiras de cortiça com uma broca. Isto resulta numa rolha perfeitamente cilíndrica, obtida diretamente da prancha de cortiça. Todos os resíduos da etapa de brocagem são posteriormente triturados e reutilizados como granulado de cortiça para rolhas técnicas.

Esta operação destina-se a separar as rolhas acabadas em diferentes classes, que são determinadas pela análise visual da sua superfície. Esta operação pode ser realizada através de máquinas de escolha eletrónica. De modo a finar os calibres, esta seleção é complementada com escolha manual, contando com o olho humano. Nesta fase, além de estabelecer graus de qualidade, são eliminadas as rolhas defeituosas.

Após a retificação, procede-se à lavação das rolhas. Este processo serve para limpar e desinfetar as rolhas. Depois da lavação/desinfeção, o teor de humidade é estabilizado, obtendo-se assim uma otimização da performance da rolha como vedante e reduzindo, em simultâneo, a contaminação microbiológica.

Quando as rolhas apresentam níveis elevados de porosidade, podem ser colmatadas. A colmatagem consiste em vedar os poros da superfície das rolhas de cortiça com uma mistura de pó de cortiça obtido a partir da retificação de rolhas de cortiça natural. Para fixar esta mistura, é usada uma cola apta para contacto alimentar. Este processo é utilizado para melhorar o aspecto visual da rolha e o seu desempenho.

Após a cozedura, retiram-se as duas faces exteriores (costa e barriga) das pranchas de cortiça, de modo a obter lâminas de cortiça macias e uniformes com cerca de 6,5 mm de espessura. Estas lâminas são perfuradas mecanicamente em círculos – discos com diâmetros apropriados às rolhas a serem fabricadas.

Os corpos das rolhas técnicas são formados por granulados de cortiça, subproduto da brocagem de rolhas de cortiça natural. Esses subprodutos são transformados em granulados de diferentes granulometria por moinhos e mesas densimétricas e são, então, aglomerados com cola apta para contacto alimentar e os corpos são moldados individualmente.

Os discos e corpos aglomerados são colocados em máquinas de montagem. Os discos passam na frente de câmaras que selecionam o lado do disco que entrará em contato com o vinho. Uma marca é impressa pela máquina no lado oposto da rolha. Esta marca é detectada por uma câmara na máquina de montagem, indicando que este é o lado a ser colado no corpo da rolha. Os discos são colados na extremidade do cilindro de cortiça aglomerada com cola de qualidade alimentar.

Após a colagem dos discos, a rolhaentra numa estufa de secagem para garantir a correta adesão do disco ao corpo de cortiça e, depois, passa para a etapa de retificação. Aqui, as rolhas são retificadas para lhes dar as dimensões pretendidas. Os processos de lavagem, triagem, acabamento e embalagem são, a partir deste ponto, semelhantes aos das rolhas de cortiça natural.